Impactos das Mudanças Climáticas na Agricultura Orgânica
fevereiro 20, 2025 0 Comentário(s)

Impactos das Mudanças Climáticas na Agricultura Orgânica

O impacto das mudanças climáticas na agricultura vem se tornando cada vez mais evidente. Para a agricultura orgânica, que depende do equilíbrio natural e da resiliência dos ecossistemas, os desafios são ainda maiores. As altas temperaturas, o aumento da irradiação solar - composta pela radiação infravermelho, espectro visível e ultravioleta (UVC, UVB e UVA), as chuvas intensas e de pedras de granizo, além das mudanças bruscas entre períodos de seca e chuvas intensas, de ondas de calor e frio extremo, estão transformando a forma como o alimento é produzido.

O calor excessivo reduz a produtividade das culturas e acelera a evaporação da água do solo, exigindo estratégias mais avançadas de conservação hídrica. O aumento da irradiação solar pode prejudicar plantas mais sensíveis, queimando folhas e reduzindo a capacidade fotossintética, impactando diretamente na qualidade e no volume da colheita. Além disso, temperaturas elevadas favorecem a proliferação de pragas e doenças que atacam as lavouras, exigindo maior monitoramento e controle biológico por parte dos produtores.

Tempestade perfeita
O Sol passa por ciclos de atividade magnética a cada 11 anos, um fenômeno observado desde o século XVI.

O atual ciclo solar - o ciclo 25, foi iniciado em dezembro de 2019, tem demonstrado um aumento inesperado na intensidade da emissão de radiação solar pelo Sol, com explosões solares mais fortes com predominância do centro da estrela - que são de maior intensidade de radiação, atraindo a atenção de pesquisadores da NASA e da Agência Espacial Europeia sobre seus efeitos. Nos últimos meses, a atividade solar atingiu um pico maior do que o previsto, com 41 erupções solares de classe X registradas até outubro de 2024, a mais forte da escala. Em maio, ocorreu a tempestade geomagnética mais intensa das últimas duas décadas. Já em Outubro de 2024, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou uma nova explosão solar de grande magnitude, uma tempestade classe X8.9 a maior desde 2017. Esses fenômenos repetitivos e concentrados podem causar tempestades geomagnéticas que afetam não só a temperatura na crosta terrestre, mas ainda sistemas de navegação, redes de energia e satélites essenciais para o monitoramento climático e planejamento agrícola.


Por outro lado, as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) dispararam nas últimas décadas. Os principais GEE são substâncias como CO₂, CH₄ e N₂O, e quando lançadas na atmosfera terrestre, aumentam a temperatura da atmosfera terrestre porque absorvem e refletem em todas as direções a radiação infravermelha vinda do sol e refletida pela Terra, impedindo o seu livre escape para o espaço, transformando a terra em uma verdadeira panela de pressão. As principais fontes deste problema incluem a queima de combustíveis fósseis, desmatamento, mineração, indústrias, agricultura intensiva, agropecuária e a queima de combustível nos vários modais de transporte. Para se ter uma ideia, somente as emissões globais de CO2 em 2022 estavam 182 vezes acima do que em 1850. A concentração de CO2 em 2023 chegou a 420 partes por milhão, o que representa um aumento de 11,4% em 20 anos somente.

O desmatamento mundial por sua vez, também causa efeitos desastrosos para o planeta. Não que o desmatamento seja algo recente na humanidade. Infelizmente, mais da metade das terras habitáveis ​​do planeta, que já foram cobertas por florestas exuberantes em equilíbrio, já foram devastadas pela ação dos seres humanos nos últimos 10 mil anos. O problema é que a perda florestal acelerou-se dramaticamente no último século. De 1900 para cá, uma área do tamanho dos Estados Unidos da América foi desmatada. A mesma quantidade que foi perdida nos 9.000 anos anteriores, de acordo com a plataforma científica online Our World in Data. E as perdas continuam lastimavelmente.


Em resumo, com o desmatamento, aumentamos a área de reflexão da superfície do planeta para a radiação solar. Com as emissões de GEE, alteramos a atmosfera para que a radiação refletida da Terra, ao invés de escapar para o espaço, se reflita novamente na atmosfera, aqueça a atmosfera e uma porção volte de novo para Terra. Ainda, o Sol passa pelo seu pico de emissão de radiação, bombardeado a Terra com uma quantidade extra de radiação solar. Mais calor, maior aquecimento dos oceanos e polos, mais seca, mais evaporação, maior formação de nuvens e tempestades, maior intensidade das chuvas e tempestades, uma infeliz “tempestade perfeita”, que afeta não só a agricultura, mas tudo que vive e habita o nosso planeta.

Desafio da agricultura: alimentar mais de 15 Bilhões de seres sobre a terra em 2050

Somos mais de 8 bilhões de seres humanos na Terra, mas a Agricultura hoje alimenta mais de 11 bilhões de seres vivos no nosso planeta. Em 2050 seremos mais de 10 Bilhões de seres humanos, e estima-se que a agricultura vai ter que dar conta de alimentar mais de 15 bilhões de seres vivos sobre a Terra.

Ora, a maior incidência de radiação na atmosfera, pode gerar queimaduras em folhas, reduzir a eficiência fotossintética, afetar o desenvolvimento das plantas e reduzindo a produção agrícola e agropecuária.

Ainda, tempestades solares podem interferir no planejamento agrícola, prejudicando sistemas de comunicação, dificultando previsões meteorológicas e o próprio planejamento agrícola.

Em adição, eventos climáticos extremos, como chuvas de granizo e tempestades intensas, representam grandes riscos para a agricultura, podendo destruir plantações inteiras em poucos minutos, comprometendo safras e elevando os custos de produção.

Além disso, a alternância rápida entre seca e fortes chuvas, ondas de calor e frio extremo desregulam o ciclo das plantas, tornando mais difícil prever a época ideal para o plantio e a colheita.

Na realidade, já vivemos hoje um cenário de queda de produtividade na produção agrícola - sequer conseguimos alimentar decentemente os que devemos alimentar - de acordo o relatório SIFO de 4 agências da ONU, um a cada 11 seres humanos do planeta passam fome, sendo que um a cada 5 pessoas do continente africano passam fome, e em 2050, seremos 15 Bilhões de seres vivos dependentes da agricultura para sobreviver.

Em resumo, um desafio complexo de lidar com quedas sucessivas de produtividade, incapacidade de suprir a demanda atual por comida, e ainda, em pouco mais de duas décadas somente, precisamos crescer em 1/3 a produção atual de comida. Precisamos urgente tomar consciência da situação e agir rápido.

A Agricultura Orgânica, uma solução
A Agricultura Orgânica se propõe a produzir alimentos com um impacto positivo no planeta, ou seja, além de produzir alimentos sem destruir, ainda recupera e preserva o meio ambiente. Quanto maior a produção orgânica, maior serão as ações conjuntas de conservação do planeta, com efeitos positivos a cada safra, aumentando a resiliência dos ecossistemas, mas claro, não sem enormes desafios para cumprir esse objetivo no cenário atual.

A agricultura orgânica não faz uso de fertilizantes e defensivos tratados quimicamente e sintéticos - que são verdadeiras "injeções na veia" nas plantas, com químicos associados; Hormônios e reguladores de ciclos das plantas e animais - que induzem artificialmente a absorção de nutrientes, a engorda, o crescimento, o brotamento e produção das plantas; organismos geneticamente modificados (OGM)- ainda com pouca visibilidade sobre seus efeitos de longo prazo no ser humano; preserva a água de nascentes e rios, florestas e o meio ambiente.

Mesmo aplicando técnicas de conservação nas suas propriedades, o cenário atual de crise climática e ambiental global acaba afetando mais pesadamente os agricultores orgânicos, que dependem de meios naturais para o manejo agrícola, mas que têm respondido bravamente, adaptando-se e inovando para sobreviver. Práticas como rotação de culturas, plantio de árvores e agroflorestas para sombreamento, uso de estufas, cobertura do solo com matéria orgânica e escolha de variedades mais resistentes, associados ao manejo eficiente da água tornou-se crucial nas propriedades orgânicas. sistemas de conservação de solo e água, captação de água da chuva, irrigação por gotejamento e proteção do solo contra erosão ajudam a manter a umidade, garantindo uma produção sustentável mesmo em períodos secos.

Por sua vez, o uso e produção “in Farm” de insumos biológicos e inimigos naturais para o combate a pragas, o uso de técnicas agroecológicas, como agroflorestas e sistemas integrados de cultivo, tem se mostrado uma das alternativas eficientes para mitigar os impactos climáticos.

A pesquisa e o desenvolvimento de novas estratégias para lidar com as mudanças climáticas são fundamentais. Instituições de pesquisa e agricultores estão trabalhando juntos para encontrar soluções inovadoras e acessíveis. Tecnologias como sensoriamento da lavoura, estufas adaptáveis, uso de recursos computacionais e de comunicação e uso de bioinsumos podem fazer a diferença na produtividade da agricultura orgânica.

Outro aspecto fundamental é o aumento da biodiversidade nas lavouras. A presença de diferentes espécies no mesmo ambiente melhora a resiliência do sistema agrícola, reduzindo a vulnerabilidade a pragas e doenças que tendem a ser um efeito real com as oscilações climáticas. A Agricultura Orgânica, sem perder sua essência, está rapidamente buscando alternativas para produzir alimentos puros e contribuir para a preservação do planeta.

Papel fundamental do Consumidor
Por fim, a conscientização e o engajamento dos consumidores são fundamentais. Comprar produtos agrícolas que conservam a biosfera, como produtos orgânicos, ajudam a preservar o meio ambiente e a conscientização de cada vez mais agricultores na adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis. Escolher alimentos orgânicos não é apenas uma questão de saúde, mas também um ato de responsabilidade ambiental, de afirmação do desejo de preservar nosso planeta para as gerações futuras.

Acompanhe nossas publicações para se manter informado sobre os desafios e soluções para uma agricultura mais sustentável. No MercadoOrganico.com, acreditamos que cada escolha faz a diferença. Visite nosso site, explore nossa seleção de alimentos orgânicos e faça parte dessa transformação rumo a um mundo mais sustentável!

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